Hipergrafia Nostálgica

Em memória do meu nunca-esquecido-cachorro-Mike e das coisas que eu tenho perdido ao longa da vida.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

É isso.

  • Pais fora de casa sabe-se lá até quando, irmão fora de órbita sabe-se lá o porquê. Sozinha em casa. Sem erva pra melhorar, sem namorado pra namorar, sem saco pra forçar imaginação sexual. Música, quem sabe? Eu sei. Eu gosto de música. Música pra tristeza, música pra felicidade, música até pra nada. Como agora. E água. Água pra banho, água pra fingir de vodka. Água sempre. Para um filhote ousado de elefante chamado Késia. Um cigarro pode ser, e é, consumido até o fim apenas no cinzeiro. Mas nada de livros, porque hoje quem filosofa também sou eu, o próprio espírito cósmico. E quem duvida? Eu não.
  • Entro no banheiro sem precisar fechar a porta atrás de mim, e o som se infiltra nas gotas frias espalhadas pelo meu corpo. Tudo devidamente absorvido. Muito mais pela toalha. Eu posso ser o desejo da minha avó, nova e só. Tudo o que ela nunca foi, tudo que ela nunca será. Mas eu ainda posso ser o que ela é, com tudo que eu nunca gostaria viver. Mais fraca, mais gasta, de pulmão sujo e alma lavada. É isso. E, quem dera que fosse sempre e apenas isso.