Eu carrego as pomba-giras dentro do couro. Sem férias, sem trégua e sem dia santo. São vinte e quatro horas no meu ouvindo, feito mosquito, zunindo, reflexivas, interrogativas, dotadas de uma razão estranha. E racional, sim. ‘’Manifeste-se, lute, caia, machuque-se. Propositalmente? Por que não? Quem mais nesse mundo teria esse direito senão tu?’’ E acho digno manifestar, cair, lutar, machucar, mostrar, borrar, retroceder, parar, avançar, ir de lado ou sem cuidado, escandalizar, ir de bege ou vermelho, conjugar, sem mais ligar. A troco de quê? São bem claras: nada pedem além de cumplicidade, que eu as nutra.