Hipergrafia Nostálgica

Em memória do meu nunca-esquecido-cachorro-Mike e das coisas que eu tenho perdido ao longa da vida.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Eu e ela

Ouço chuva cair
Molhar roupas, desenterrar desejos
E eu aqui de dentro dessa janela, seca
Imagino como é ser chuva
Molhar, colocar pra correr
E molhar mais ainda quem corre
Ou acariciar a face de quem me acolhe

Nesses dias de chuva me chegam memórias absurdas
Como a ordem, não licença
Licença não
Ordem para  achar alguém e dançar

Na ausência de pessoas
Dancei com a solidão que já me é tão simpática
Só me falta ser corpuscular

De outra, numa outra valsa
Descobri em meu corpo sensibilidade ao som
O som que também não se materializa
Atrofia minha moral
Me ilude e distorce

Hoje, sem valsa e nem desejo
A chuva que cai lenta
Só me possibilida vaguear entre o que é belo e inexistente
Colocar enfeite em coisas que eu viviu
Somos boas parceiras, eu e chuva


2 comentários:

  1. Me fez interpretar e me sentir encaixado em seu texto.

    Imagino como é ser chuva
    Molhar, colocar pra correr
    E molhar mais ainda quem corre
    Ou acariciar a face de quem me acolhe.

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